Autor: Economista Evandro Miranda


Almenara e o Morro do Bruno

O Morro do Bruno é um dos pontos mais altos de Almenara. Fica no Pantanal. O acesso dá-se pela Estrada das Sete Voltas, margeando o Rio Jequitinhonha junto à chamada travessa.

Desde os tempos do descobrimento, havia a crença de que fosse resplandecente. Nele, supunha-se haver ouro. Daí, os nomes atribuídos de Sol da Terra, Serra Amarela e Serra Resplandecente.

Na antiga Vigia, havia testemunhas que presenciaram o fenômeno da bola de fogo no alto do Morro do Bruno. O clarão atravessava o céu rumo à outra margem do rio, pondo-se aos fundos da Serra do Cruzeiro.

Essa bola de fogo, com diâmetro equivalente ao do sol ou da lua cheia, despertou a imaginação dos indígenas e o interesse dos colonizadores portugueses. Lá, estes acreditavam haver imensas jazidas de ouro.

Decepcionaram-se. Aí, reside a crença de alguns para o secular esquecimento e consequente atraso do Vale do Jequitinhonha.

Não compartilho desta visão. Na verdade, os colonizadores descobriram fantásticas belezas neste sítio, onde teve origem o povoamento de Vigia.

Agora, peço licença para trazer à tona um pouco da História deste arraial, que foi fundado por João Cabacinhas, em 1874. Elevado a Distrito de Vigia, em 1887, ganhou impulso com a chegada do Cel. Hermano Souza (1894), Padre João de Paula Souza (1896) – o primeiro Vigário, que construiu a Igreja de São João Batista no centro do Largo da Matriz - e Filogônio Olímpio de Souza (1889).

Os dois primeiros foram os maiores construtores de casas do lugar. Esse último incentivou o comércio do distrito, cujo nome foi alterado para São João da Vigia, em homenagem ao padroeiro, em 1914.

A cidade passou a chamar-se Vigia em 1938, emancipando-se de Jequitinhonha. Em 1943, teve seu nome alterado para Almenara, que significa torre de vigia ou fogaréu que se ascende nas mouriscas.

Assim, a palavra almenara também faz lembrar a bola de fogo e o clarão entre o Morro do Bruno e a Serra do Cruzeiro, que eram vistos pelos antigos moradores. 
De volta ao presente, é preciso ficarmos atentos, sobretudo em ano de eleições. É preciso cuidarmos cada vez melhor de nossa cidade e do Vale do Jequitinhonha. Requerem representações políticas à altura de suas legítimas tradições.

Fonte: Diário do Jequi