O projeto de restauração, elaborado pela arquiteta almenarense, Séfora Trindade, foi escolhido, dentre outros projetos de Minas Gerais, como o mais bonito e com um visual arrojado e dinâmico, onde será gasto mais de 1 milhão de reais na obra.


Na tarde desta quarta-feira, 30, o prefeito Ademir Gobira esteve reunido com comerciantes e açougueiros do Antigo Mercado Municipal para anunciar o breve início do serviço de restauração daquele edifício.
Durante a conversa, foi acordado entre a prefeitura e os presentes, que todos estarão juntos nesta empreitada que, devido à magnitude da reforma, causará  naturalmente  alguns transtornos ao comércio interno. Na certeza que os resultados finais da restauração darão nova vida ao espaço, foram unânimes em apoiar a iniciativa da prefeitura.

Segundo o prefeito Ademir Gobira, que desde o início do seu mandato vem buscando recursos para a concretização deste ato, a reforma só não foi concluída devido à parte burocrática e documental da estrutura. Mas que, hoje, já é possível dar o pontapé inicial.

Serão investidos mais de 1 milhão de reais em toda a reforma, sendo que desse valor, a prefeitura entrará com 300 mil de contrapartida e o restante faz parte de um convênio assinado com o deputado federal Reginaldo Lopes. O projeto de restauração, elaborado pela arquiteta almenarenseSéfora Trindade, foi escolhido, dentre outros projetos de Minas Gerais, como o mais bonito e com um visual arrojado e dinâmico.

SOBRE O MERCADO:

Esta construção de valor simbólico para a comunidade almenarense se insere no bojo das duas grandes aberturas urbanas da cidade, que foram conduzidas por Olindo de Miranda. A primeira delas ocorreu no início dos anos quarenta, logo após a emancipação de Vigia (hoje Almenara), quando foi feito o prologamento da Rua do Sertão (atual Rua Hermano Souza), cujo término era junto a rua Tiradentes.

A execução desta abertura implicou a remoção do antigo cemitério, que ficava onde, hoje, é o cruzamento das ruas Argemiro Aguilar com Hermano Sousa, abrindo espaço para a expansão da última, seguida da Rua Dr. Sabino Silva. À esquerda deste eixo central, foi aberto o bairro de Santo Antônio e, à direita, o chamado Juazeiro, hoje, o "Tola", que se estende até o Matadouro Municipal.

O referido matadouro e o Hospital Deraldo Guimarães são marcos desta fase da História de Almenara. Naquela época, o acesso ao Aeroporto Cyrillo Queiroz, que havia sido inaugurado em 28 de julho de 1950, até então, era alcançando por uma via que partia do Cemitério Municipal, passando ao largo do antigo Juazeiro.

Neste ambiente, deu-se a segunda grande abertura da cidade, realizada no início dos anos cinquenta, tendo como eixo principal a avenida, que passou a se chamar Olindo de Miranda, após a sua morte, ocorrida em 1964. Naquela ocasião, fez-se também a ligação das ruas do Juazeiro (hoje Tola) com a área central da cidade e a chamada pirambeira (atual Rua Capitão Zeca).

O conjunto dessas ruas dão conformação a um traçado urbano, que foi planejado e executado pelo urbanista e construtor de centenas de obras em Almenara. Neste contexto, Olindo de Miranda resolveu, então, construir o Mercado Municipal, obra executada, inteiramente, com recursos próprios.

Considerado visionário e distante do centro histórico, o empreendimento foi levado a termo por um homem à frente do seu tempo, que assumiu sozinho os riscos desta empreitada. A construção do Mercado foi iniciada na gestão do Prefeito Benício Almeida (1951-55), tendo sido inaugurado na gestão do Prefeito Cândido Mares (1955-59).

Uma vez pronto, o mercado tornou-se o polo dinâmico de expansão urbana de Almenara. A entrada principal do prédio dispõe de um relógio na sua torre. Há, ainda, quatro portões laterais para facilitar o acesso das pessoas e mercadorias.
É dotado de arquitetura elaborada, com características arquitetônicas ecléticas, tendo frontispícios sobre os portões e pináculos ligados ao estilo art-dèco. Com exceção do sobrado, que fica na esquina da avenida com a Rua Capitão Marcelino, as lojas davam saída somente para a sua área interna.

As sucessivas administrações têm tido dificuldades em promover o ordenamento do uso e ocupação dos espaços do mercado. Com efeito, foram feitas intervenções na área interna e na fachada, ao mesmo tempo que os feirantes passaram a ocupar as vias centrais e o entorno do prédio. Agora, os feirantes que ocupavam as ruas adjacentes ao tradicional mercado foram remanejados para o novo mercado.

É a oportunidade para revitalização daquele espaço urbano. No entanto, outras providências se fazem necessárias, a exemplo do tombamento do prédio e a elaboração de um projeto com vistas a sua restauração, que contemple algumas adequações, sobretudo, associadas a questões sanitárias e de higiene.

O Mercado Municipal é uma referência cultural, constituindo-se como marco de uma época de ouro em que se deu a ampliação dos limites da cidade, além daqueles ocupados pela antiga Vigia. Nesse sentido, ele é o símbolo do processo de modernização e de expansão urbana de Almenara. (Com informações de Evandro Miranda: Bacharel em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e Pós-Graduado em Didática de Ensino Superior. Analista Financeiro do SERPRO — Serviço Federal de Processamento de Dados e ex Coordenador Geral da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda)

William Fróis

Coordenador de Comunicação e Marketing