Símbolos eternizarão esta data tão importante para a cidade


Almenara Festival – 80 anos – integração e solidariedade

A prefeitura de Almenara, através do prefeito Ademir Gobira e com patrocínio da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, de maneira brilhante, inovou na comemoração dos 80 anos da cidade. Para dar espaço a todas as pessoas, fato que vem sendo referência nessa nova gestão, o prefeito decidiu fazer quatro dias de festa contemplando o público evangélico e a sociedade em geral.  Outro fato que marcou as comemorações foi a decisão de Ademir Gobira de promover a solidariedade através do recolhimento de alimentos na entrada da pista de eventos. 

Na quarta-feira (10) - um dia antes da abertura oficial do Almenara Festival, ouve o lançamento do Máximo Postal na Câmara Municipal da cidade. A prefeitura de Almenara, através do prefeito Ademir Gobira, com apoio da Câmara Municipal e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios), lançaram o Selo Personalizado, Cartão-Postal e Carimbo Comemorativo dos 80 anos de Almenara. A solenidade foi na Casa Legislativa com início às 19h. A cerimônia foi prestigiada por vereadores que compõem a colenda Casa e reuniu outras autoridades locais, além de representantes dos Correios e numeroso público.

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A abertura do evento aconteceu na noite da quinta-feira (11) com a presença do prefeito Ademir Gobira. A festa ficou por conta das bandas evangélicas locais e da cantora gospel Cassiane Santana Santos Manhães Guimarães. Um numeroso público, vindo de outras cidades, juntaram-se aos almenarenses para celebrarem os 80 anos da cidade - glorificando a Deus.

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Na noite da sexta-feira (12) uniram-se ao prefeito Ademir Gobira, na comemoração dos 80 anos da cidade, os deputados Zé Silva (federal) e Dr. Jean Freire (estadual). O prefeito e o vice-prefeito, Hamilton Magno, acompanhados pelos deputados, subiram ao palco para celebrarem esta data que marca uma nova fase política/administrativa da cidade. Juntos, de mãos dadas, pactuaram pelo bem de todos os almenarenses e deram abertura ao show convidando o cantor Tomate. A população compareceu em massa para ver o cantor e fazer aquela festa.

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A noite de sábado, 13, data em que foi assinado o  Decreto-Lei nº 58, publicado em 13 de janeiro de 1938, onde criava o município de Vigia – Almenara, a banda Cheiro de Amor entrou em palco para agitar geral o numeroso público presente. Foram horas de muita adrenalina e diversão. A cantora Vina Calmon deu um brilho especial na noite com músicas e apresentações fantásticas.

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E para fechar com chave de ouro o Almenara Festival, a banda Jamil e Uma Noites veio com tudo para o palco e tirou a galera do chão com agito total. Foram horas de pura euforia e celebração. Assim, a cidade de Almenara entra para história com uma festa de integração e Solidariedade.

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Uma breve reflexão sobre a história da cidade

A campanha pela emancipação de São João da Vigia (atual Almenara) teve início em 1922, quando o Vereador Olindo de Miranda, após exame dos balanços do município, tomou conhecimento da elevada participação em termos de renda e arrecadação de impostos do distrito que representava na Câmara Municipal de Jequitinhonha – o locus de poder aonde eram tomadas decisões afetas aos destinos de uma vasta região, cujos limites se estendiam até o Salto Grande (atual Salto da Divisa), em ambas as margens do Rio Jequitinhonha. 

Naquele mesmo ano, houve dois memoráveis eventos: i) implantação da estação telegráfica (07/09/1922), quando o médico Ponciano Sena manifestou sua admiração pelo fato de um centro como Vigia não passasse de um distrito de paz;
ii) reunião na residência de João Moreira de Meireles, onde formou-se uma comissão, da qual fez parte Agenor Pereira do Nascimento, Querubim Fróis Otoni e Anísio Gil, com vistas a colher os dados estatísticos exigidos pela Secretaria de Estado de Assuntos Municipais do Governo de MG. 

O jornal “O Vigia”, fundado por Olindo de Miranda, é outro marco da causa emancipacionista. Sua primeira edição circulou em junho de 1930, tendo sido o primeiro periódico de imprensa do baixo Jequitinhonha mineiro, que se diferenciava dos demais existentes por ter sido criado como instrumento propagador da causa emancipacionista. 
Este jornal contou com diversos redatores, dentre eles destacam-se, na fase inicial, o Padre Manoel Rodrigues do Prado e José Cortes Duarte, que publicou inúmeras crônicas ao longo da existência do jornal. 

Outro colaborador de “O Vigia” foi o médico Ponciano Senna, autor do artigo intitulado “ATÉ ENTÃO TEMOS VIVIDO NO REGIME DA ROLHA, BRADAR EM ALTOS BRADOS, CLAMAR AS NOSSAS REVOLTAS, POR QUE MEIO?”, publicado na edição n° 2, em 05/07/1930, na qual assinala: “Só agora graças a Olindo de Miranda, com a aquisição de uma máquina tipográfica, teremos o veículo indispensável para levar a todos os recantos do estado nosso grito de liberdade!” 

Em 1930, vale mencionar um fato, que talvez não saibam as novas gerações. Diz respeito à formatura de Henrique Heitmann – o primeiro médico nascido em São João da Vigia, que veio, posteriormente, se estabelecer em Jequitinhonha, aonde se elegeu prefeito municipal em 1955. Outro médico almenarense pertencente à mesma família, Henrique Frederico Heitmann de Abreu, também veio ocupar a chefia do Poder Executivo daquela cidade vizinha, tendo exercido o cargo por dois mandatos entre 1989-1992 e 2001-2004. 

De volta à campanha emancipacionista, ela foi marcada por recuos e avanços, tendo sido longa e entremeada por acontecimentos extremamente violentos, inclusive pelo legendário sítio de Vigia, ocorrido entre 05 a 12 de novembro de 1934. Dentre os avanços, registre-se a instalação da Coletoria Estadual, em 1936, quando se passou a cobrar os impostos da futura zona desmembrável. 

Outro marco desta luta foi o comício organizado em 21/11/1937, quando cerca de duas mil pessoas reuniram-se no Largo da Matriz para exigir o desmembramento do município, ocasião em que foi feito um abaixo-assinado levado ao conhecimento do Governador de Minas Benedito Valadares. 

A emancipação de Vigia foi diferente dos outros municípios. De um lado, havia grupos a favor. De outro, os detentores do poder – sobretudo os chamados coronéis – colocavam-se frontalmente contrários à emancipação, por implicar em perda de poder e domínio sobre um vasto território. Por isto, a emancipação político-administrativa de Almenara foi feita a custa de enormes sacrifícios, lutas, brigas e mortes.

Neste ambiente, a liderança de Olindo de Miranda foi decisiva à causa de longa duração. Soma-se o apoio incondicional de Deraldo de Brito Guimarães, assim como o engajamento de amplos segmentos da população, destacando-se o Capitão Zeca Gomes, Benício Almeida (Prefeito: 1951-55), Agenor Nascimento (Vice Prefeito: 1954-58), Anísio Gil, Joel Mares (então Juiz de Paz de São João da Vigia), Antenor Sena, Belarmino Soares, Samuel Alves de Oliveira, Antônio de Castro Alves, João Gordo da Fonseca, Francisco Bicalho, Querobim Otoni (Prefeito: 1947), Hélio Guimarães (Prefeito: 1947/50 e 1966-70) e José de Miranda (Vice Prefeito: 1947-50 e Prefeito: 1950-51). 

As mulheres também se fizeram presentes no movimento emancipacionista, tendo sido representadas pelas pioneiras do magistério vigiense – as professoras Maria Cristina Ferraz da Silva (a primeira diretora do Grupo Escolar Conde de Afonso Celso), Olinda de Miranda Souza e as irmãs Angelina e Honorina Pereira do Nascimento (vulgo Gaduxa). 
Ao final da campanha, o movimento logrou êxito na noite de 12 de janeiro de 1938, quando a população recebeu, num clima de festa e regozijo, o anúncio da criação do Município de Vigia pelas ondas da Rádio Inconfidência – a emissora oficial de Minas. 

O Decreto-Lei nº 58, publicado em 13 de janeiro de 1938, cria o município de Vigia, composto pelos seguintes distritos: Vigia (sede); Bandeira (incluindo o povoado Mata Verde); Jacinto (incluindo o povoado de Santo Antônio, atual Santo Antônio do Jacinto); Palestina (atual Jordânia); Pedra Grande (incluindo o chamado povoado de Só-se-Vendo, vulgo “Sósseveno”, atual Divisópolis); Rubim e Salto Grande (atual Salto da Divisa), incluindo o povoado de Santa Maria, atual Santa Maria do Salto. 

O Município de Vigia foi instalado em 06 de março de 1938, quando foi empossado o Prefeito Benedito Canabrava, nomeado pelo Governador Benedito Valadares. Nessa solenidade, em discurso proferido, o Jornalista Olindo de Miranda assinalou tratar-se do momento mais importante de sua vida, referiindo-se também a ele como “o corolário de uma causa que abracei desde 1922, culminando na luta titânica de outubro a dezembro de 1937, quando a minha frágil personalidade tornou-se alvo dos maiores descontentamentos e até a minha vida indesejável aos inimigos do progresso”. 

Neste mesmo ato, Agenor Nascimento, assim referiu-se a aquele que cognominou como o paladino da emancipação de Almenara – “o homem senhores, que batalhou, sofreu e viu realizado seu sonho é Olindo de Miranda, a expressão sincera da gratidão dos vigienses”. 
Os festejos constantes do “Programa Comemorativo da Instalação do Município de Vigia” duraram dois dias, destacando-se os seguintes: instalação do Município, com a presença do representante do Governador do Estado (Coronel Idalino Ribeiro: chefe político de Salinas), Prefeito do Município de Jequitinhonha (Hidelbrando Martins) e outras autoridades dos distritos e de municípios vizinhos; instalação do “Serviço Hydro-Electrico da Companhia Forca e Luz Vigiense” – obra com emprego de capital de 200 contos de reis, dos quais a metade foi aportada por Deraldo Guimarães e pelo Capitão Zeca e a outra metade tendo sido obtida com a venda pulverizada de ações, representando um esforço coletivo da população, ao qual Olindo de Miranda se integrou como o doador dos terrenos para construção da barragem e da usina hidroelétrica do Córrego da Água Bela; “missa solenne”, celebrada pelo Rev. Padre Delvino Motta; banquete no Grupo Escolar, oferecido pelos vigienses ao representante do Governador, Prefeito Municipal e aos visitantes, seguido de animado baile; colocação no Largo da Matriz da placa Praça Benedito Valadares, em homenagem ao governador que assinou o decreto emancipacionista de Vigia. 

Em 1943, Vigia (torre de vigilância) torna-se Almenara (farol), guardando semelhança com o antigo nome, que foi sugerido por Mário Mattos: Assessor do Governador Benedito Valadares. Emancipada em pleno Estado Novo, o Município de Almenara experimentou a plenitude democrática somente no pleito de 23/11/1947, quando foram eleitos o Prefeito Hélio Rocha Guimarães (candidato único lançado pela coligação UDN-PSD-PTB) e José de Miranda (Vice Prefeito: PR), que concorreu em uma chapa distinta, o que era permitido pela legislação eleitoral. Neste pleito, Ernesto Alves dos Santos (PSD) foi eleito Juiz de Paz, tendo sido eleitos como suplentes Osvaldo Moreira Coelho e Silvino Patente, ambos do PR. 

O Poder Legislativo teve a seguinte composição: i) PR (Olindo de Miranda, Laurindo José da Silva, Angelina Nascimento: primeira mulher vereadora do município, Deoclesiano Ruas, Manoel José da Silva e Aureliano Cardoso de Sá); ii) PSD (Euvaldo Moreira e Pery Ruas Tupy); UDN (Mayrink Taranto Silva e Milton Carlos Otoni); PTB (Honório Amarante). Por ocasião da instalação da primeira legislatura almenarense, o Vereador Olindo de Miranda Souza foi eleito Presidente da Câmara Municipal para o quadriênio 1947-1951. 
Na sequência, os prefeitos de Almenara foram os seguintes: Benedito Barbosa Canabrava (1938 a 1940), Acúrcio de Lucena Pereira (1940 a 1945), Oscar de Castro - Henrique de Paula Ricardo e Querubim Frois Otoni (1945 a 1947), Hélio Rocha Guimarães (1947-1950) (1967-1971), José de Miranda (1950-1951), Benício Olegário de Almeida (1951-1955), Cândido Mares Neto (1955-1959) (1993-1995), Edward de Souza Figueiredo (1959-1963), Trazíbulo Ferraz Torres (1963-1967), Fernando Antônio do Amaral (1971-1973), Expurério Alves Cangussu (1972-1977) (1983-1988) (1995-1996), Djalma Valença Fazendeiro (1977-1983), Roberto Magno (1988-1993), Chaue Chequer Filho (1997-2000), Manoel Francisco Alves da Silva (2001-2004), Carlos Luiz de Novaes (2005 -2009), Fabiany Ferraz Gil (2009-2016) e Ademir Gobira a partir de 2017. 

Em árabe a palavra almenara é “mannar” ou “manara”, cujo elemento constante é o “al” ou “ár”, que significa luz. No idioma turco, significa “menâret” e em francês é “minaret” – um farol ou facho, que se ascendia nas torres e castelos para dar sinal ao longe. Assim, almenara é sinônimo de minarete, torre alta, estreita e elegante, erguida geralmente ao lado das mesquitas, do alto da qual os muçulmanos são chamados à oração. 
Por fim, nos tempos atuais, assinalados por turbulências, divisões e intolerância de toda ordem, peço a Deus que a causa vencedora, que resultou na emancipação política de Almenara, ocorrida exatos oitenta anos atrás, traga luz a nossa comunidade, movendo-a sempre em busca da paz e do progresso tanto nos campos político quanto econômico-social e cultural. Parabéns Almenara!

Contribuição:

Evandro Miranda(*)

(*) Economista formado pela Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA/USP: 1975) com Pós-Graduação em Didática de Ensino Superior pela União Educacional de Brasília: UNEB (1990). Analista Financeiro do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) desde 2009. Atuou como Coordenador-Geral da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (1995-2009); Assessor Econômico do Ministério de Planejamento (1984-1995); Assessor do Ministro da Agricultura (1979-1884); Analista de Planejamento da Cia. Vale do Rio Doce (1976-1979); Economista da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP) (1976). Professor (1990) e Coordenador do Curso de Ciências Econômicas da UNEB-DF (1993-2004). Organizador do livro Agricultura e Estabilização no Brasil - Coletânea de Artigos, 1995-1998: Embrapa, Serviço de Produção de Informação e autor e coautor de diversos artigos, publicados em revistas especializadas em economia e nos principais jornais do País.